Na serigrafia, a margem de erro é mínima. Um detalhe ignorado pode arruinar dezenas de peças. Este artigo foi pensado para profissionais e apaixonados pela arte que desejam eliminar falhas, aumentar a eficiência e entregar um trabalho tecnicamente impecável.

Preparação incorreta do quadro: a base de tudo
Muitos utilizam quadros reaproveitados sem a limpeza correta, o que compromete a aderência da emulsão. Além disso, tensões mal calibradas causam distorções durante a impressão.
Como evitar:
Utiliza produtos específicos para desengordurar a tela antes da aplicação da emulsão.
Mede a tensão da tela com um tensiómetro digital (valor ideal: 20-25 N/cm).
Aplica a emulsão com rodo em ambiente limpo e controlado, evitando pó e humidade.
Emulsão mal aplicada ou mal curada
A aplicação da emulsão deve ser homogénea, cobrindo toda a área de impressão com espessura controlada. A cura incompleta da emulsão resulta em quebras, falhas e imagens mal definidas.
Como evitar:
Usa um rodo com camada dupla para aplicações de emulsão controlada.
Cura a emulsão em estufa ou ambiente seco e escuro, por 12 a 24 horas.
Nunca expõe o quadro à luz solar direta antes da revelação.
Tempo de exposição incorreto: detalhes perdidos
Um dos erros mais técnicos é o cálculo errado do tempo de exposição à luz UV. A emulsão pode ficar subexposta (e fraca) ou superexposta (e difícil de revelar).
Como evitar:
Faz testes com escalas de exposição.
Utiliza um timer digital e uma lâmpada UV com intensidade controlada (mínimo 1000W).
Verifica a definição dos contornos após a lavagem com jato de água.
Falta de registo em impressões multicolor
Imprimir várias cores exige um sistema de registo milimétrico. Sem ele, as cores ficam desalinhadas, gerando impressões de baixa qualidade visual.
Como evitar:
Usa uma roleta de impressão manual com sistema de travamento de quadros.
Marca os pontos de registo nas folhas e no substrato.
Imprime sempre da cor mais clara para a mais escura.
Má escolha do substrato e da tinta
Muitas falhas ocorrem pela escolha errada do suporte e da tinta. Por exemplo, tintas à base de água não aderem corretamente a materiais sintéticos.
Como evitar:
Define o tipo de material (algodão, poliéster, papel, madeira, vidro, metal).
Escolhe a tinta certa: plastisol, solvente, UV, ou à base de água.
Usa aditivos (retardadores ou catalisadores) conforme a necessidade.
Uso incorreto do rodo: pressão e ângulo desiguais
Um erro técnico comum é pressionar em demasia ou usar o rodo em ângulo errado. Isto provoca excesso ou falta de tinta e linhas borradas.
Como evitar:
Utiliza um rodo com dureza adequada (70-75 shore para geral).
Mantém o ângulo em 45° durante toda a passada.
Aplica pressão uniforme, com movimento fluido e constante.
Secagem e cura insuficientes
A secagem superficial da tinta não garante a cura total. Peças mal curadas desbotam ou racham após a lavagem ou exposição ao sol.
Como evitar:
Usa túnel de secagem com temperatura controlada.
Para plastisol, atinge no mínimo 160 °C por 60 segundos.
Confirma com termómetro de infravermelhos ou fita de cura.
Ignorar o ambiente de trabalho
Temperaturas extremas, poeiras ou humidade afetam diretamente a qualidade da impressão. O ambiente deve ser controlado como numa gráfica profissional.
Como evitar:
Mantém a humidade abaixo dos 60%.
Limpa o espaço antes de iniciar o processo.
Armazena tintas e quadros em locais protegidos e ventilados.
Falta de manutenção nos equipamentos
Equipamentos com desgaste geram resultados inconsistentes. Rodos gastos, quadros danificados ou secadores com falhas são uma ameaça à produção.
Como evitar:
Inspeciona os materiais antes de cada sessão de impressão.
Substitui rodos gastos com lâminas danificadas.
Faz manutenção preventiva nos secadores e equipamentos elétricos.
Ausência de controlo de qualidade final
Sem controlo final, erros passam despercebidos. O cliente deteta falhas que poderiam ser evitadas com um simples check-up.
Como evitar:
Implementa uma checklist de qualidade.
Inspeciona cada peça sob luz branca e homogénea.
Armazena os produtos com separadores ou embalagens protetoras.
A excelência está na atenção ao detalhe
A serigrafia de alta qualidade não nasce do acaso. Cada detalhe técnico, cada decisão no processo, impacta o resultado final. Evitar os erros descritos neste artigo é o primeiro passo para transformares a tua arte em produto profissional, valorizado e comercialmente competitivo. Investe em conhecimento, equipamentos adequados e melhoria contínua. A serigrafia é uma profissão que recompensa os que procuram a perfeição.
📌 Perguntas Frequentes (FAQs)
Como posso saber se a emulsão está bem curada antes da exposição?
A emulsão bem curada apresenta uma superfície uniforme, seca ao toque e sem áreas pegajosas. Idealmente, deve secar por 12 a 24 horas em local escuro e ventilado. O uso de um desumidificador acelera e estabiliza o processo.
Qual é a diferença entre tinta plastisol e tinta à base de água?
A tinta plastisol é espessa, opaca e requer cura térmica a 160 °C. É ideal para têxteis escuros. Já a tinta à base de água é mais ecológica, penetra nas fibras do tecido e tem toque mais suave, mas exige substratos porosos e boa absorção.
Preciso de uma mesa de vácuo para imprimir em papel?
Sim. A mesa de vácuo evita o deslocamento do papel e garante que a tinta não borre. É essencial para obter resultados precisos, especialmente em impressões com detalhes finos ou sobreposição de cores.
Qual é a melhor forma de limpar quadros e reutilizá-los?
Usa um removedor de emulsão específico, aplica com pincel e deixa atuar alguns minutos. Depois, remove com jato de água a alta pressão. Finaliza com desengordurante antes de aplicar nova emulsão.
Quais são os principais motivos para a impressão sair borrada?
Os motivos mais comuns são: baixa tensão na tela, excesso de tinta, pressão irregular do rodo, substrato instável ou stencil mal exposto. Verifica cada um desses fatores antes de repetir o processo.